Cansaço é uma sensação que muitas pessoas já sentiram pelos mais diversos motivos: rotina estressante, realizar esforço físico além do habitual e até mesmo um resfriado pode provocar isso. Mas diferentemente deste tipo de sensação, a síndrome da fadiga crônica não tem origem tão evidente e muitas vezes pode ser de difícil diagnóstico.
Até hoje a doença enfrenta certo ceticismo, sendo classificada por alguns como um distúrbio psiquiátrico. Por ter características parecidas com outras condições, como hipotireoidismo, câncer, problemas psicológicos, alimentares, entre outras, o seu diagnóstico nem sempre é tão simples.
Sintomas que caracterizam a síndrome da fadiga crônica
Sua principal característica é a fadiga extrema e debilitante. Ou seja, é bem diferente da sensação de cansaço pontual. Pacientes que sofrem de síndrome da fadiga crônica dormem mal e não se revigoram com o sono. Normalmente apresentam quadros de dor de cabeça, dores musculares e articulares, além de dor de garganta, problemas de concentração e de memória.
Para ajudar no diagnóstico, as autoridades de saúde dos Estados Unidos apresentaram uma definição da síndrome e uma série de critérios para que ela possa ser identificada. São eles:
Duração: o paciente deve apresentar fadiga crônica intensa por no mínimo seis meses, sem que ele apresente outros problemas médicos neste período.
Sintomas: para ser diagnosticado com síndrome da fadiga crônica o paciente deve apresentar quatro ou mais dos seguintes sintomas:
– Deficiência significativa de memória recente ou da capacidade de concentração;
– Dor de garganta;
– Linfonodos doloridos;
– Dor muscular;
– Dores articulares em edema ou vermelhidão;
– Dores de cabeça com tipo, padrão ou intensidade novos;
– Sono não reparador;
– Mal-estar após esforço por mais de 24 horas.
Além destes, outros sintomas que podem acompanhar a síndrome da fadiga crônica são: dor abdominal, distensão abdominal, dor torácica, tosse crônica, depressão e ansiedade, diarreia, tonturas, olhos e bocas secos, dores de ouvido, palpitações, dor na mandíbula, rigidez matinal, náuseas e perda do apetite, suores noturnos e falta de ar.
Diagnóstico e exames
O diagnóstico da síndrome da fadiga crônica além de difícil pode ser frustrante tanto para o médico como para o paciente. Isso porque os sintomas podem variar dependendo do dia, além de serem comuns a outras doenças. Além disso, não há consenso quanto à causa da síndrome, o que torna o seu tratamento limitado apenas à manutenção dos sintomas.
Também não há um perfil definido para os portadores da síndrome. Apenas se sabe que ela é mais comum em mulheres do que em homens e parece ser mais frequente entre 40 e 60 anos de idade, mas não é possível definir que este seja um grupo de risco. Na maioria dos casos a síndrome da fadiga crônica é precedida por sintomas semelhantes aos de um resfriado. Porém, ela também pode surgir após um período de estresse físico ou emocional intenso ou surge gradualmente sem motivo aparente.
O diagnóstico da síndrome da fadiga crônica se dá por exclusão. Ou seja, a investigação do médico servirá para excluir outras possibilidades de síndromes, doenças ou distúrbios. Para a investigação da síndrome é necessário avaliar o histórico do paciente, realizar exame clínico completo e avaliar as funções cognitivas.
Os exames laboratoriais normalmente solicitados na investigação da síndrome da fadiga crônica servem para excluir outras possibilidades. São eles:
Hemograma: investiga a existência de anemia ou alterações dos leucócitos.
Velocidade de hemossedimentação: trata-se de um indicador não específico de algum quadro de inflamação.
TSH (hormônio estimulante da tireoide): este e outros exames relacionados ajudam a investigar se o paciente tem hipotireoidismo, que pode causar sintomas semelhantes.
Exames de ferro: investiga se há carência de ferro no sangue ou outras anormalidades;
Urinálise: pesquisa a existência de infecções ou alterações dos elementos eliminados na urina.
Além destes, há outros exames que podem ser solicitados para excluir outras possibilidades:
Anticorpos antinúcleo: quando houver suspeita de uma doença autoimune.
PPD: teste que verifica a exposição ao bacilo da tuberculose.
Fator reumatoide: investiga artrite reumatoide.
Anticorpos anti-HIV: investiga se há infecção por HIV.
Cortisol: solicitado quando há suspeita de hipofunção suprarrenal.
Como mencionamos anteriormente, o tratamento da síndrome da fadiga crônica apenas alivia os sintomas. Frequentemente ele envolve a manutenção de uma boa alimentação e a realização de exercícios moderados regulares, que mantêm a capacidade funcional, além de melhorar o humor e o sono do paciente. Acompanhamento psicológico também pode ajudar o paciente a lidar com a frustração que os sintomas causam.
Fonte: Lab Tests Online