O papel da atividade física no combate ao diabetes é amplamente divulgado, mas nem sempre esta relação é explicada em detalhes. Praticar exercícios, aliado a um plano alimentar balanceado, é uma das formas de se evitar diversas doenças e de melhorar a qualidade de vida das pessoas. No caso específico o diabetes, esta relação é muito mais direta.
O diabetes é causado pela produção insuficiente ou pela má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue. Ou seja, é a insulina que transforma o açúcar em energia para o organismo. Isso faz com que os níveis de glicose no sangue fiquem altos. Caso o quadro se mantenha por longos períodos pode haver danos em órgãos, vasos sanguíneos e nervos.
A atividade física aumenta a sensibilidade à insulina nas células do corpo. Isso significa que quando uma pessoa se exercita, é preciso menos insulina para manter os níveis de açúcar no sangue sob controle. Um estudo publicado pelo PubMed Central apontou que pacientes pré-diabéticos que praticavam exercícios de intensidade moderada aumentaram a sensibilidade à insulina em 51%. Aqueles que praticaram atividades de alta intensidade aumentaram 85%.
A boa notícia é que não existe apenas um tipo de exercício que apresenta benefícios para o controle da insulina no organismo. As atividades que ajudam a combater o diabetes podem ser aeróbicas, circuitos de alta e baixa intensidade e treinos de força.
Porém, um fator essencial para a realização de atividades como prevenção e combate ao diabetes é a regularidade. Exercitar-se com frequência melhora a resposta do organismo à insulina, por isso, o ideal é que a pessoa escolha uma modalidade que ela goste e torne disso um hábito, que irá proporcionar benefícios pontuais e de longo prazo.
Benefícios pontuais dos exercícios no combate ao diabetes
Apesar de as respostas variarem de acordo com cada indivíduo, um estudo publicado no American College of Sports and Medicine apontou que a queda dos níveis de glicose no sangue de pessoas, a maioria delas com diabetes tipo 2, permanecia de 2h a 48h após a prática de exercícios. Os índices desta queda variam de acordo com a intensidade e a duração do exercício.
A queda dos níveis de glicose está relacionada às células dos músculos, que possuem dois mecanismos fundamentais para estimular a captação de glicose e a síntese de glicogênio durante e após a atividade física. Um deles é dependente da insulina e predomina durante o período de descanso, enquanto o outro é resultado das contrações musculares. Para se beneficiar destes efeitos pontuais, é recomendado que a realização de atividade física seja encaixada em uma rotina e que os períodos de descanso não ultrapassem 48h.
Benefícios a longo prazo dos exercícios
A prática regular de atividades físicas não significa apenas manter os benefícios pontuais do controle da insulina e da queda nos índices de glicose no sangue. Ao manter uma vida ativa, a pessoa irá observar mudanças mais abrangentes e sólidas em sua saúde.
Por exemplo, o treinamento físico repetitivo pode aumentar tanto a resposta dos músculos esqueléticos à insulina, como a captação basal de glicose no sangue. Isso está relacionado ao aumento da atividade de proteínas envolvidas na metabolização da glicose e na transdução de insulina. Além disso, há provável aumento da capacidade oxidativa lipídica dos músculos esqueléticos, de acordo com publicação da Current Sports Medicine Reports.
A atividade física regular (tanto aeróbica como de resistência) não está apenas associada à prevenção do diabetes, mas às complicações associadas à doença, sejam microvasculares ou macrovasculares, já que sustentam um estado em que há menos inflamações associadas à resistência de insulina e à hiperglicemia crônica.
Da mesma forma, exercícios aeróbicos também podem desacelerar a progressão ou evitar a instalação de neuropatia periférica diabética, melhorar a função endotelial e a produção de células-beta de insulina em pacientes com diabetes tipo 2 – desde que eles ainda possuam uma quantidade adequada destas células no pâncreas.
A atividade física tem um papel fundamental na prevenção e no controle da resistência à insulina, pré-diabetes e até mesmo em pacientes com diabetes tipo 2. Associada a outras melhorias no estilo de vida e ao acompanhamento dos níveis de glicose no sangue, ela é capaz de evitar doenças e garantir mais qualidade de vida.
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