Mais de 40 anos após o primeiro diagnóstico de infecção pelo vírus HIV, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) ainda é uma ameaça para o mundo. Mas o que nem todos percebem é que, assim como ocorre com outras pandemias, a relação entre Aids e desigualdade é muito próxima: a primeira não pode ser propriamente combatida enquanto a segunda ainda existir.
Este é o tema deste ano da campanha do Dia Mundial de Luta contra a Aids: “Acabar com desigualdades. Acabar com a Aids”, liderada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O foco está especialmente naquelas pessoas que foram deixadas para trás, fazendo da igualdade uma das ferramentas de combate à doença, universalizando o acesso aos serviços de saúde.
Apesar de nas últimas décadas o mundo ter feito avanços significativos na luta contra a Aids, com 73% dos adultos com HIV recebendo tratamento antirretroviral, as metas para 2020 não foram alcançadas. Isso ocorre não pelo desconhecimento de ferramentas para combater a doença, mas por causa de desigualdades estruturais que impedem tais soluções de chegar a todas as pessoas.
Como a desigualdade dificulta o combate à Aids e a pandemias
Desigualdades econômicas, sociais, culturais e legais devem ser combatidas para que o mundo consiga erradicar a doença até 2030. Só que isso é um compromisso de longo prazo, cuja urgência tem se tornado cada vez mais latente. Em 2015, todos os países se comprometeram a diminuir desigualdades internas e entre nações como parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Da mesma forma, a Estratégia Global contra a Aids para o período 2021/2026 também tem a desigualdade como alvo.
Mas isso exige uma mudança muito mais abrangente. Medidas políticas, econômicas e sociais devem ser tomadas para proteger os direitos de todos e dar atenção às comunidades marginalizadas e frequentemente esquecidas. Sabemos como combater a Aids e sabemos que a desigualdade é um obstáculo, o que falta é um movimento global para efetivamente agir.
As medidas tomadas para promover a igualdade entre as pessoas de maneira universal não serve apenas para ajudar no combate à Aids, ela ajuda a proteger o mundo de pandemias futuras, possibilitando o acesso a serviços de saúde globalmente. Assim como foi definido sobre o novo coronavírus: cada um de nós só está realmente seguro quando todos nós estivermos seguros.
Ações individuais de combate à Aids
Por mais que a erradicação da doença precise de ação de órgãos internacionais e governos locais, cada um pode auxiliar na luta contra a Aids evitando a infecção pelo vírus HIV. As principais formas de fazer isso são:
– Utilizar preservativo em relações sexuais (independentemente se for entre pessoas de sexos diferentes ou do mesmo);
– Realizar exames de HIV e buscar informações sobre Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis;
– Realizar testes e buscar informações sobre cuidados com tuberculose;
– Realizar circuncisão masculina médica voluntária (reduz chances, mas não evita o contágio);
– Uso de medicamentos antirretrovirais preventivamente (sob orientação médica);
– Redução de danos para usuários de drogas injetáveis;
– Eliminar a transmissão do HIV de mãe para filho.
Da mesma forma como o mundo se mobilizou para combater a Covid-19 nos dois últimos anos, também é necessário um esforço global em relação à Aids. Podemos estar prestes a entrar no terceiro ano de pandemia do SARS-CoV-2, mas estamos caminhando para a quinta década de luta contra o HIV, que causou a morte de 680 mil pessoas somente em 2020 e infectou 1,5 milhão no mesmo período. É preciso combater as doenças simultaneamente e o fim da desigualdade é um dos caminhos para isso.
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