A obesidade é um dos fatores considerados de risco para a Covid-19. Porém, muito antes da pandemia este já era considerado um problema de saúde pública. No Brasil existem mais de 20 milhões de indivíduos obesos, sendo que 56% da população está acima do peso. O crescimento acelerado no número de casos também tem preocupado as autoridades de saúde pública.
Caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, a obesidade tem como principal causa a alimentação inadequada ou excessiva e como causa secundária o sedentarismo. Outras causas podem estar associadas a fatores genéticos, metabólicos, hormonais e até mesmo psicológicos.
Independentemente de padrões estéticos, a obesidade é considerada uma doença crônica, que pode desencadear outros problemas de saúde. Isso porque o acúmulo de gordura no organismo aumenta o risco de doenças como hipertensão arterial, aumento do colesterol e triglicérides, diabetes, apneia do sono, acúmulo de gordura no fígado, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e também pode estar associado a alguns tipos de câncer. É importante reforçar que estas doenças não são exclusividade de pessoas obesas ou com sobrepeso.
O que é preciso saber sobre a obesidade é que se trata de uma doença que pode ser prevenida e combatida. Na maioria dos casos uma dieta balanceada e a prática regular de exercícios físicos é suficiente. Para descobrir a causa específica da obesidade ou do sobrepeso, em muitos casos é necessário se consultar com um médico e realizar exames que possam indicar algum tipo de predisposição ao acúmulo de peso.
Os efeitos da pandemia na obesidade
Mais propensos a desenvolverem uma série de enfermidade, como as mencionadas anteriormente, os portadores de obesidade entraram para o grupo de risco da Covid-19, estando mais propensos a desenvolverem manifestações mais severas da doença. Um dos principais motivos apontados por profissionais é o constante estado de inflamação em que o corpo se encontra.
Esta inflamação sobrecarrega o organismo e limita a sua reação. Com a infecção pelo novo coronavírus, o corpo pode simplesmente não contar com uma resposta imunológica tão efetiva para combater a doença. Além disso, os quilos a mais, principalmente quando associados a um estilo de vida sedentário, podem comprometer a capacidade respiratória, uma das funções mais afetadas nos casos graves de Covid-19.
O problema é que a pandemia pode justamente ser um fator que contribua para o sedentarismo e para um surto de obesidade. Com o isolamento social, muitas pessoas acabaram interrompendo a sua rotina de atividades físicas ou até mesmo de uma vida mais ativa em situações do dia a dia. Além disso, o estresse gerado pelo clima de incertezas provocado pelo novo coronavírus também levou parte da população a descuidar da alimentação, seja por ansiedade ou pelo conforto proporcionado por alguns pratos ricos em carboidratos.
Uma pesquisa realizada pela Fitbit a partir de dados de 4 milhões de usuários da marca em todo o mundo, apontou que entre março e junho deste ano o número de passos diários dados pelas pessoas caiu drasticamente em comparação a 2019. Mesmo nos locais onde o isolamento foi relaxado, os números não atingiram os mesmos patamares do ano passado.
O sedentarismo impulsionado pela pandemia se tornou uma preocupação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Para tentar minimizar estes efeitos, o órgão lançou uma campanha com a hashtag #HealthyatHome, instruindo e incentivando as pessoas a se manterem ativas, mesmo permanecendo em casa.
Obesidade infantil e pandemia
Por ser uma doença prevenível, a obesidade deve ser combatida desde o início da vida: incentivando as crianças a terem bons hábitos alimentares, experimentarem uma ampla variedade de grupos alimentares e também a se exercitarem. Porém, a pandemia também tem afetado a rotina das crianças.
Sem escolas e sem a possibilidade de brincarem em espaços abertos com outras crianças, os pequenos estão passando mais tempo em casa, buscando diversão em videogames e na televisão. Ou seja, estão passando mais tempo sentados.
Um estudo realizado pela revista Obesity acompanhou 41 crianças obesas em Verona, na Itália, durante os meses de março e abril deste ano. Antes disso elas já estavam matriculadas em um programa de tratamento para obesidade, preenchendo questionários sobre o seu estilo de vida, o que contribui para uma comparação mais confiável dos dados.
Em um paralelo com o ano passado, na pandemia estas crianças estavam comendo uma refeição a mais e dormindo 30 minutos a mais todos os dias. Entre diferentes atividades, elas passavam cinco horas a mais por dia em frente a uma tela e comiam mais significativamente junk food e carne vermelha. Além disso, elas passavam duas horas a menos por semana praticando atividade física.
Para evitar que crianças adotem hábitos que levem à obesidade, os pais podem adotar alguns hábitos simples, como:
– Ter mais alimentos saudáveis em casa;
– Servir de exemplo, seguindo uma alimentação saudável;
– Limitar o tempo de tela das crianças;
– Fazer refeições em família;
– Manter uma rotina;
– Elogiar a criança quando ela escolher um alimento saudável ou praticar alguma atividade física;
– Saber do que a criança se alimenta, mesmo quando os pais não estão por perto.
Vale ressaltar que a obesidade pode ser um agravante para outras doenças, mas que elas podem surgir em pessoas que não apresentem sobrepeso. Por isso, é importante realizar consultas e exames periodicamente para monitorar a sua saúde.
Leia também: Saúde mental: precisamos falar sobre este assunto