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Exames para engravidar: Quais são indicados antes da concepção

O acompanhamento da saúde da gestante e do bebê começa antes mesmo da concepção. A realização de exames para engravidar é aconselhada para ter uma gestação o mais saudável possível. Tais testes podem incluir avaliações genéticas para alguns distúrbios hereditários e para avaliar as chances do bebê apresentar algum deles.

Mas engana-se quem pensa que somente a mulher deve ser avaliada antes da gestação. Quando a investigação envolve genética, é importante que tanto o pai quanto a mãe façam estes exames, já que os genes dos dois estão envolvidos na formação de um novo ser. Alguns destes testes são: avaliação de doenças hereditárias familiares, hemoglobinopatias e fibrose cística.

Outros exames que podem ser aconselhados para a mãe da criança são: imunidade para rubéola; pesquisa de anticorpos anti-HIV; pesquisa de gonorreia, clamídia e sífilis; Papanicolau, HPV, e pesquisa de hepatite B e hepatite C. Mulheres que tenham problemas crônicos de saúde, como diabetes ou hipertensão, devem receber tratamento antes da gravidez para manter a doença sob controle, diminuindo a probabilidade de falhas congênitas ou abortos.

Leia também: Cuidados com gestantes na realização de exames

Confira a seguir a importância de cada um destes exames para engravidar:

Testes genéticos para doenças hereditárias

Doenças relacionadas à alteração do código genético costumam ser raras, porém, é preciso ter atenção neste quesito pois elas podem prejudicar a formação ou provocar alterações de proteínas importantes, afetar funções corporais e provocar doenças específicas.

É importante frisar que estas mutações causadoras de doenças podem ser recessivas ou dominantes. Algumas delas afetam apenas o cromossomo X e, quando recessivas, provocam doenças quase que exclusivamente em homens. Há outras mutações também que atingem pessoas de determinada região ou etnia.

A pesquisa genética não é obrigatória, mas é recomendada nos casos em que exista um histórico familiar da doença ou quando a pessoa tem origem em um grupo com alta incidência de alguma mutação. Nestes casos o casal deve procurar um aconselhamento com o médico geneticista sobre quais testes podem realizar e para a avaliação dos resultados.

Distúrbios hereditários de hemoglobina

A hemoglobina é a proteína que existe nas hemácias e transporta oxigênio dos pulmões para todas as células do corpo. A formação da hemoglobina é controlada por diversos genes, que podem determinar aspectos como estrutura ou velocidade da síntese das cadeias proteicas.

Duas doenças desencadeadas por distúrbios na hemoglobina são as talassemias e a anemia falciforme. No primeiro caso, a velocidade de produção da hemoglobina é retardada. Genes talassêmicos podem resultar em hemácias menores e anemia de intensidade variável.

Já a anemia falciforme é caracterizada por uma alteração nos glóbulos vermelhos, que perdem sua forma arredondada e elástica, apresentando um aspecto de foice, e endurecem. Isso dificulta a passagem do sangue pelos vasos de pequeno calibre, prejudicando a oxigenação dos tecidos. Para que uma pessoa desenvolva anemia falciforme é preciso que tanto o pai como a mãe transmitam estes genes ao filho.

Fibrose cística

Apesar de ser um distúrbio hereditário recessivo, a fibrose cística é relativamente comum. Quando o pai e a mãe são portadores, a probabilidade do filho herdar os dois genes anormais é de 25%. Nestes casos, a doença pode ser confirmada ou excluída no feto, com o exame de células obtidas por biópsia de vilosidades coriônicas ou por amniocentese.

Na fibrose cística há ausência de uma substância importante para o transporte de sódio e cloro através das membranas epiteliais, o que causa o espessamento de secreções, especialmente nos pulmões e no pâncreas, provocando a obstrução dos brônquios e dos ductos pancreáticos. Como consequência, estas pessoas são mais suscetíveis a infecções respiratórias e problemas digestivos.

Imunidade para Rubéola

Mulheres que já tiveram infecção por rubéola ou foram vacinadas contra a doença apresentam anticorpos no sangue. Na maioria dos casos isso previne que elas adquiram a doença. Estes anticorpos são importantes porque protegem o bebê contra o vírus. Caso a mulher contraia rubéola nos primeiros meses de gestação, o bebê corre risco de apresentar graves defeitos congênitos ou morrer durante a gestação.

Quem está pensando em engravidar ou está nos primeiros meses de gestação deve ser testada para verificar se possui tal imunidade. O exame é feito por amostra de sangue, que, quando analisada, irá indicar a quantidade de anticorpos presentes e se eles são suficientes para proteger mamãe e bebê.

Caso ela não tenha a imunidade e ainda não tenha engravidado, a vacinação é aconselhada – feito isso, a mulher deve aguardar três meses para engravidar. Caso a futura mamãe não tenha anticorpos e já esteja grávida, ela não poderá ser vacinada. Nestes casos, ela é orientada a se proteger das formas de contágio da doença, principalmente evitando o contato com pessoas que apresentem os sintomas da rubéola – tosse, espirros, secreção nasal, febre, dor de cabeça, mal-estar, gânglios aumentados próximos ao pescoço, conjuntivite ou manchas vermelhas na pele que causem coceira.

Pesquisa de HIV

A triagem de HIV pesquisa anticorpos no sangue da mãe. Após a infecção, o exame aponta positivo em pelo menos 90% dos casos em três meses e 99% após seis meses. Caso o resultado seja positivo, o teste é automaticamente confirmado no laboratório, utilizando outra técnica.

Nestas situações, a mãe deve proceder com o tratamento da infecção para evitar que a doença seja transmitida ao bebê. Em caso de resultado positivo também é recomendado avaliar a infecção no parceiro sexual e nos filhos anteriores (quando houver).

Gonorreia, clamídia e sífilis

Diferentemente da Aids, a gonorreia, a clamídia e a sífilis são doenças causadas por bactérias, embora também sejam sexualmente transmissíveis (DSTs). Em gestantes, elas podem causar aborto ou infectar o bebê durante o parto.

Crianças com estas doenças podem apresentar graves infecções nos olhos, nas articulações ou no sangue, além de cegueira ou problemas respiratórios. Em alguns casos o bebê pode ter risco de vida. Caso a mãe tenha sido infectada com uma destas doenças, ela pode ser tratada com antibióticos durante a gestação.

Exames de clamídia e gonorreia podem ser feitos através de amostras de swab obtidas no colo uterino ou na urina. Já os exames para sífilis pesquisam anticorpos produzidos em resposta à infecção.

Papanicolau e HPV

Utilizado para examinar células do colo uterino, o exame Papanicolau investiga a presença de cânceres, alterações pré-cancerosas, inflamações e algumas doenças transmitidas sexualmente. Ele costuma ser realizado no consultório do ginecologista, de acordo com a periodicidade recomendada pelo profissional. Uma amostra também pode ser utilizada para a pesquisa do papilomavírus (HPV).

Hepatite B e C

As infecções pelo vírus da hepatite causam inflamação do fígado. Pessoas com casos agudos de hepatite B ou C apresentam sintomas como fadiga, náuseas e icterícia (amarelamento da pele e do branco dos olhos). Embora a maioria dos pacientes se recupere sem intervenção, alguns podem desenvolver infecção crônica, o que pode danificar progressivamente o fígado e resultar em câncer no órgão. Confira algumas diferenças entre os dois tipos e a importância dos exames:

Hepatite B: o teste para a detecção deste tipo da doença pode localizar a infecção pelo vírus antes mesmo da manifestação dos sintomas. Mulheres que estejam considerando engravidar precisam realizar este teste e, em caso positivo, buscar orientação médica para saber quanto tempo após a recuperação é necessário esperar para ter uma gravidez segura. O exame é importante porque recém-nascidos são particularmente vulneráveis a desenvolver o quadro crônico da doença e cerca de 90% dos bebês infectados com hepatite B no útero se tornam portadores do vírus. Caso a infecção seja detectada na gestação, ela e o bebê podem ser monitorados e o recém-nascido pode receber tratamento para minimizar os riscos de desenvolver a doença.

Hepatite C: apesar de ser menos frequente do que a B, a hepatite C também pode ser transmitida de mãe para filho. O rastreamento para este tipo não é comum para gestantes, mas é recomendado se a mãe apresenta algum fator de risco para contaminação, como uso de drogas intravenosas ou manter relações sexuais com alguém que faça uso destas substâncias. Outros fatores considerados de risco envolvem ter um histórico de múltiplas DSTs e ter sido infectada com hepatite B. Testes de anticorpos são usados para triagem e, quando o resultado é positivo, são seguidos de um teste de RNA para hepatite B, que detecta o material genético do vírus – se também der positivo, significa que a infecção ainda não está resolvida e que a pessoa precisa de tratamento.

Leia também: Principais exames de laboratório na gestação

Fonte: Lab Tests Online