Hoje em dia as pessoas têm amplo conhecimento sobre a importância da amamentação para o bebê. Mas a boa notícia é que o aleitamento materno também traz benefícios para a mãe. Para se ter uma ideia da riqueza nutricional do leite materno, ele é recomendado como alimento exclusivo para crianças de até seis meses de vida.
Quando o assunto é amamentação, quanto mais cedo melhor: quando realizada até uma hora após o nascimento, ajuda a proteger o recém-nascido de contrair infecções gastrointestinais e reduz a mortalidade neonatal – principalmente em decorrência de diarreia ou outras infecções. Além disso, a amamentação fortalece o vínculo afetivo entre mãe e filho.
A agilidade na amamentação tem um motivo: o colostro, que é o leite amarelado e grosso que a mãe produz nos primeiros dias após o parto, é altamente nutritivo e por isso tem esse poder protetivo sobre o bebê. Até o sexto mês a criança não precisa de nenhum outro alimento ou líquido enquanto espera que a mãe produza mais leite.
Proteção para mamãe e bebê
Já conhecemos os principais benefícios do aleitamento materno nos primeiros dias e meses de vida da criança, mas ela continua importante conforme o bebê cresce. Mesmo após os seis meses de vida, o leite materno se mantém uma importante fonte de energia e nutrientes, até aproximadamente os 24 meses de vida.
A partir dos seis meses é recomendado que as crianças passem a ter uma alimentação mais variada, mas mesmo assim o leite materno permanece uma importante fonte de energia, proteína e outros nutrientes, como vitamina A e ferro. Dos seis aos 12 meses de vida ele pode responder por metade ou mais da metade das calorias ingeridas pela criança.
Além dos benefícios na primeira infância, a amamentação tem reflexos positivos ao longo da vida. Crianças e adolescentes que foram amamentados têm menos probabilidade de apresentar sobrepeso ou obesidade. O aleitamento materno também contribui com todo o desenvolvimento da criança, inclusive o cognitivo. Alguns estudos associam a amamentação a melhor desempenho escolar, por exemplo.
Para as mamães que amamentam, os principais benefícios são:
– Redução do risco de câncer de ovário e de mama;
– A amamentação exclusiva de bebês com menos de seis meses tem um efeito hormonal que normalmente induz à falta de menstruação, ajudando a espaçar as gestações;
– O aleitamento materno na primeira hora de vida do recém-nascido auxilia nas contrações uterinas, diminuindo o risco de hemorragias.
Há casos, é claro, de mães que não conseguem amamentar. Nestas situações, é importante estimulá-las e apoiá-las para que se sintam confiantes, envolvendo a contribuição do pai da criança, familiares e amigos. Agentes de saúde, organizações femininas e os empregadores também podem oferecer apoio. Promover o acesso a informações sobre o aleitamento também é uma obrigação de cada governo.
Informações e alertas sobre a amamentação
– Nos casos em que a mãe não puder amamentar, a criança deve ser alimentada com leite materno de um banco de leite ou com um substituto. O recomendado é que seja evitado o uso de mamadeiras, que são mais difíceis de limpar. Até mesmo recém-nascidos podem ser alimentados com um copo aberto, que pode ser limpo com mais facilidade.
– Mulheres com HIV podem transmitir o vírus ao bebê por meio da amamentação. Aquelas que tiverem HIV/Aids ou suspeita devem procurar assistência médica para ser testadas e orientadas para evitar a contaminação da criança.
– Mulheres que retornam ao trabalho podem continuar a amamentar. Se não for possível estar com o filho durante o trabalho, ela deve amamentá-lo sempre que estiverem juntos. Além disso, recomenda-se que a mulher retire leite de duas a três vezes por dia nos casos em que não puder amamentar com frequência, pois isso estimulará a produção de mais leite. É importante frisar que o leite deve ser conservado em um recipiente limpo para evitar riscos de contaminação.
– Mães que estão amamentando precisam ingerir mais alimentos e líquidos para suprir suas necessidades e produzir leite em quantidade e qualidade adequadas ao bebê. Durante a amamentação não deve ser consumido álcool, fumo, outras drogas ou tomar medicamentos sem receita médica.
– O aleitamento materno é considerado um direito da criança no Brasil. Segundo o artigo 9º do Estatuto da Criança e do Adolescente, é dever do governo, das instituições e dos empregadores garantir condições propícias para a amamentação.
Amamentação e Covid-19
Uma revisão sistemática de evidências científicas feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que durante a pandemia seja feita uma consideração ampla, não apenas dos riscos da Covid-19 para o bebê, mas também dos riscos de morbidade e mortalidade associadas à ausência do aleitamento materno.
A recomendação geral é a de que mães com suspeita ou confirmação de Covid-19 sejam estimuladas a iniciar ou continuar amamentando seus bebês, pois os benefícios do aleitamento superam consideravelmente os riscos potenciais de transmissão do coronavírus. De qualquer forma, mamães infectadas devem buscar atendimento médico para receberem orientação específica para a sua situação.
Em todos os casos, as mães infectadas ou com suspeita devem tomar os seguintes cuidados para evitar a transmissão à criança:
– Lavar as mãos frequentemente com água e sabão ou higienizá-las com álcool gel antes de tocar no bebê;
– Usar máscara médica durante qualquer contato com o bebê, inclusive durante a amamentação;
– Espirrar ou tossir em lenço de papel e descartá-lo imediatamente após o uso, além de lavar as mãos logo em seguida;
– Limpar e desinfetar as superfícies em que toca com frequência.
A vacinação também é uma medida importante para proteger a criança contra o novo coronavírus. Já foram registrados casos em que bebês amamentados por mães vacinadas apresentavam anticorpos contra a Covid-19. Uma imunização que vale por duas, graças ao aleitamento materno.
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