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Saúde mental dos profissionais da saúde: Uma questão de segurança do paciente

Falar sobre a saúde mental dos profissionais da saúde tem se tornado cada vez mais comum em virtude da pandemia de Covid-19. Se todas as pessoas já estão sendo afetadas psicologicamente por causa do medo do vírus, do isolamento, da perda de conhecidos e entes queridos e por causa da falta de perspectiva para o fim da crise, o que dizer de quem vive os aspectos mais nefastos da pandemia no seu dia a dia?

Estes profissionais sofrem pressões de todos os tipos: longas e exaustivas jornadas, a exposição frequente ao vírus, o medo de contraí-lo, o afastamento da família em decorrência do trabalho, a frustração de ver pessoas morrendo todos os dias sem a chance de se despedir de suas famílias e tantos outros cenários estressantes que somente quem vive é capaz de descrever.

A pandemia agravou e escancarou um assunto que há muito tempo deve ser tratado com seriedade. Falar em saúde mental de profissionais de saúde também é falar da segurança do paciente, uma vez que estes médicos, enfermeiros, cuidadores, atendentes e tantos outros acabam absorvendo muitas experiências pesadas e isso pode interferir no seu ofício. Afinal, como fica o cuidado com quem se dedica a cuidar dos outros?

Burnout entre profissionais da saúde

A síndrome de burnout, também chamada de esgotamento profissional, pode afetar pessoas que trabalham em diversas áreas. Este distúrbio é caracterizado pela tensão emocional e o estresse causados por condições de trabalho desgastantes. Além do cansaço, esta reação de estresse costuma ser de longo prazo e também é caracterizada pela ausência do sentimento de realização profissional.

Segundo uma pesquisa publicada na Archives of Internal Medicine, aproximadamente metade dos médicos dos Estados Unidos sofrem com burnout. No Brasil, uma pesquisa realizada pela Associação Paulista de Medicina levantou alguns dados preocupantes entre os 1.984 médicos pesquisados:

– 59% afirmaram ter a sensação de sobrecarga no trabalho;

– 63,5% sofrem de estresse;

– 69,2% sofrem de ansiedade;

– 49% relataram exaustão física ou emocional.

Médicos podem sofrer com o burnout em qualquer estágio de suas carreiras. Os sinais podem ser identificados pelos próprios profissionais ou por pessoas próximas. Alguns deles são:

– Perda de motivação;

– Sentir-se desamparado, encurralado ou derrotado;

– Impessoalidade e desapego;

– Sentimento de desconfiança ou pessimismo;

– Menos satisfação ou senso de realização;

– Sentir-se cansado e esgotado na maior parte do tempo;

– Cansaço que não é reparado com descanso;

– Diminuição da imunidade;

– Dores de cabeça ou musculares frequentes;

– Variações de apetite ou de hábitos de sono;

– Esquivar-se de responsabilidades;

– Isolar-se de outras pessoas;

– Procrastinação;

– Faltar ao trabalho, chegar atrasado ou sair mais cedo sem motivo aparente.

Como prevenir o burnout e contribuir com a saúde mental dos profissionais da saúde

O combate à síndrome de burnout na área da saúde não é simples e exige esforços individuais, coletivos e institucionais. Em primeiro lugar, é preciso retirar o estigma das pessoas com burnout: não são maus profissionais, tampouco são indivíduos fracos ou desagradáveis de se ter por perto.

A partir disso, podem ser recomendadas algumas iniciativas individuais para o profissional que esteja sofrendo com burnout:

– Fazer pausas curtas e frequentes no trabalho;

– Estipular e permitir-se ter um tempo adequado de afastamento do trabalho;

– Autopercepção de ser adequadamente treinado e apoiado;

– Confiança nas medidas preventivas;

– Apoio de colegas e de amigos;

– Separar um tempo para a prática de algum exercício físico;

– Consumir conteúdos não relacionados à área médica;

– Delegar tarefas;

– Dedicar tempo para a família, hobbies e demais atividades de lazer.

O ambiente de trabalho também tem um papel importante no combate ao esgotamento de seus profissionais. Algumas medidas que podem ser adotadas incluem:

– Feedback positivo para a equipe;

– Demonstrar e estimular a confiança da equipe nos procedimentos de controle de infecção do serviço;

– Investir em equipamentos de proteção nos quais os profissionais possam confiar;

– Treinamentos eficazes;

– Comunicação transparente com a equipe;

– Demonstrar empatia pelos profissionais esgotados ou estressados;

– Orientar sobre síndrome de burnout e estresse pós-traumático

– Possibilitar o acesso ao atendimento psicológico individual.

Saúde é um estado de bem-estar físico e mental, por isso, é preciso estar atento ao emocional destes profissionais. É necessário ter empatia e ajudar aqueles que já estão ajudando e salvando tantas pessoas.

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