10 Grandes desafios da saúde em 2021
17 de fevereiro de 2021
Exercício físico na gravidez: Benefícios e cuidados
26 de março de 2021
Exibir tudo

Tuberculose: Uma ameaça que se mantém atual

Por mais que a humanidade esteja empenhando esforços no combate à pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), há uma epidemia que também tem custado a vida de muitas pessoas ao longo de séculos: a tuberculose (TB). A data de 24 de março é conhecida como Dia Mundial de Combate à Tuberculose justamente para marcar as ações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e demais órgãos no enfrentamento a esta doença.

A data foi escolhida por marcar o dia em que, no ano de 1882, o Dr. Robert Koch anunciou a descoberta da bactéria que causa a TB, cujo nome científico é Mycobacterium tuberculosis, conhecida como bacilo de Koch. Este achado científico permitiu evoluções no diagnóstico e tratamento da doença.

A tuberculose ainda é uma das doenças infecciosas mais mortais em todo o mundo. Dados da OMS coletados em 2018 apontam que a cada dia cerca de quatro mil pessoas perdem suas vidas para a doença. Além disso, aproximadamente 30 mil pessoas adoecem todos os dias por causa da TB. Apesar dos números elevados, desde o ano 2000 os esforços no combate à doença já ajudaram a salvar as vidas de mais de 58 milhões de pessoas.

Como ocorre a transmissão da tuberculose

Apesar da estimativa mundial de 30% da população infectada com a doença, nem todos desenvolvem os sintomas. Porém, elas ainda são portadoras do bacilo, uma vez que não conseguem eliminá-lo ou destruí-lo naturalmente. Quando reativado o foco, elas podem se tornar infectantes.

Assim como ocorre com a Covid-19, a proximidade com pessoas infectadas, ambientes fechados e pouco ventilados favorecem a transmissão. A bactéria é transmitida nas gotículas eliminadas pela respiração, por espirros e pela tosse. A infecção inicial ocorre quando o bacilo chega aos alvéolos pulmonares. A partir dali ele pode invadir a corrente linfática e alcançar os linfonodos, que são os órgãos de defesa do organismo.

A evolução da doença é configurada por uma reação inflamatória muito intensa em vários tecidos em torno do bacilo. O pulmão reage produzindo muco, e um dos sintomas associados é a tosse, que pode ser caracterizada pela presença de catarro, muco e sangue. Outros órgãos e estruturas corporais que podem ser afetados pela tuberculose são rins, ossos, meninges, entre outros.

Sintomas, diagnóstico e tratamento

O problema com doenças respiratórias é a similaridade de alguns dos sintomas. Por isso, é fundamental estar atento aos sinais do corpo e contar com o diagnóstico médico, para que possa ser seguido o tratamento adequado à doença em questão.

Os principais sintomas associados à tuberculose são:

– Tosse persistente, por mais de duas semanas;

– Produção de catarro;

– Febre;

– Sudorese;

– Cansaço;

– Dor no peito;

– Falta de apetite;

– Emagrecimento;

– Nos casos mais graves, escarro com sangue.

Para o diagnóstico médico, alguns exames são levados em consideração, como radiografia do pulmão, a análise do escarro e o teste de Mantoux ou PPD, que é a aplicação da tuberculina debaixo da pele.

Atualmente, dois novos métodos estão em evidência: o teste Quantiferon Gamma-TB (IGRA), realizado no sangue e comumente utilizado para diagnóstico da infecção latente por Mycobacterium tuberculosis, substituindo o teste de Mantoux ou PPD; e o PCR para Mycobacterium tuberculosis e Resistência à Rifampicina, que detecta a presença dessa espécie e simultaneamente avalia a resistência à rifampicina, principal medicamento utilizado no tratamento da tuberculose. Esse exame é realizado em amostras de escarro, lavado brônquico e lavado broncoalveolar para o diagnóstico da doença. Possui alta especificidade e sensibilidade maior que a baciloscopia, que é a pesquisa direta de BAAR em microscopia. Outros exames que ajudam a confirmar o diagnóstico são a broncoscopia e a biópsia pulmonar.

A tuberculose não é uma doença simples de ser tratada, por isso é tão importante seguir as recomendações médicas à risca. São administrados três medicamentos diferentes por períodos que se estendem por aproximadamente seis meses.

Um dos principais desafios na recuperação de pacientes com tuberculose é a descontinuidade do tratamento, que pode alimentar outro problema: a resistência a antibióticos. Isso ocorre porque, se não forem devidamente combatidas, as bactérias resistentes aos remédios permanecerão lá e poderão se reproduzir, prejudicando as chances de cura.

Leia também: Resistência a antibióticos: Uma preocupação de todos

Como prevenir a tuberculose

Apesar de ser uma doença perigosa e de números expressivos de infectados, a tuberculose é uma doença prevenível por vacinação. Crianças devem tomar a vacina BCG contra a TB até os cinco anos de idade. Caso isso não ocorra até esta idade, devem realizar o teste de PPD. Se não houver reação, ela pode ser vacinada.

Além da vacinação, é importante tomar medidas para evitar o contágio a partir de pessoas infectadas. Isso envolve recomendações comuns em outras infecções respiratórias, como evitar aglomerações e lugares com pouca ventilação. Desnutrição, alcoolismo, uso de drogas ilícitas e de medicação imunossupressora são fatores que aumentam o risco de contrair a tuberculose.

As recomendações são ainda mais importantes para portadores do vírus HIV e de doenças como diabetes, pois elas estão mais propensas a desenvolver a versão grave da doença. Também é importante a conscientização acerca do uso responsável e criterioso de antibióticos, para evitar a resistência bacteriana.

A humanidade enfrenta diversas batalhas contra as mais variadas doenças infecciosas, e a tuberculose é uma delas. Um problema sanitário não anula o outro, por isso é tão importante se prevenir com todas as ferramentas que dispomos, desde vacinas a comportamentos sociais mais responsáveis. São atitudes individuais que refletem na saúde e bem-estar geral de todos.

Leia também: Saiba como é realizado o teste de PPD

Fonte: https://www.who.int/news-room/events/detail/2018/03/24/default-calendar/world-tuberculosis-d