Durante a investigação clínica para determinar se um paciente tem ou não diabetes, um exame que pode ser solicitado é o teste de tolerância à glicose. Também conhecido como exame da curva glicêmica ou TOTG (Teste Oral de Tolerância a Glicose), ele pode ser solicitado pelo médico tanto para o diagnóstico da doença, como para detectar pré-diabetes, resistência à insulina ou outras alterações relacionadas às células pancreáticas.
Trata-se de um teste que exige bastante atenção da equipe, tanto no momento do cadastro como no da coleta. Isso porque há procedimentos diferentes entre gestantes e demais pacientes, além de especificidades da solicitação de cada médico, envolvendo até mesmo a duração do exame para observar a curva conforme solicitado pelo profissional.
O que é diabetes
O Diabete Mellitus é uma doença de causas múltiplas e que possui um amplo espectro de manifestações clínicas e patológicas, o que torna a sua investigação por meio de exames tão importante. A doença pode ser classificada das seguintes formas:
Diabetes tipo 1: ocorre pela destruição autoimune das células beta, geralmente levando à total deficiência de insulina, incluindo diabetes autoimune em adultos.
Diabetes tipo 2: causada por uma perda progressiva de índices adequados das células beta de insulina, frequentemente por trás da resistência à insulina.
Diabetes específicas: causadas por outros fatores, como síndromes de diabetes monogenéticas (como diabetes neonatal), doenças do pâncreas (como fibrose cística e pancreatite), e diabetes induzida por remédios ou substâncias químicas (como o uso de glicocorticoides, no tratamento de HIV, ou após um eventual transplante de órgão).
Diabetes gestacional: diagnosticada no segundo ou terceiro trimestre de gestação, quando não havia evidências da doença antes da gravidez.
Preparo para o teste de tolerância à glicose
Pacientes que forem realizar este exame precisam fazer jejum obrigatório de oito horas, no caso de adultos, e de quatro horas para crianças de 2 a 5 anos. Nos três dias que antecedem o exame, o paciente deve manter sua dieta habitual, sem restrição de carboidratos, e realizar suas atividades físicas habituais.
Por se tratar de um exame que pode levar horas, o ideal é que ele seja realizado em uma Unidade do Hemos que conte com sala de repouso, para que o paciente se sinta mais confortável. As Unidades com sala de repouso são: Norte Shopping, Alameda, Escola Agrícola, Gaspar, Fortaleza, Itoupava Central e Pomerode.
Para testes de tolerância à glicose, o setor de coleta deve fazer a conferência da guia médica, verificando se o médico especificou a dose de glicose a ser administrada:
Adultos: administrar 75g de glicose, o que corresponde a uma garrafa de Glutol®75g/300mL, e colher 2h após ou nos tempos determinados.
Gestantes: administrar 75g de glicose, que corresponde a uma garrafa de Glutol®75g/300mL, e colher 1h e 2h após.
Ou, de acordo com a requisição médica, administrar 50g de glicose, que corresponde a uma garrafa de Glutol®50g/200mL, e colher 1h após.
Crianças: a dose depende do peso. Para crianças de até 12 anos e/ou com peso inferior a 43Kg: determinar o peso da criança e administrar 7mL/Kg de peso de Glutol® (conforme especificado no rótulo) até o máximo de 300mL e colher 2h após ou nos tempos determinados.
Nos testes de tolerância com mais de três punções (pontos de curva) e em pacientes que possuem acesso venoso dificultoso ou fragilidade venosa é permitida a permanência temporária de acesso venoso com escalpe.
Seguir procedimentos bem definidos é muito importante na aplicação do teste de tolerância à glicose, observando a coleta das amostras nos tempos determinados após o início da ingestão da solução de glicose, administrando as doses certas nos horários estipulados. Além disso, a equipe do Hemos dispende atenção especial ao estado geral do paciente para a sua proteção e prevenção contra quedas. Nos casos de pessoas com histórico de lipotimia (alteração súbita de consciência), a coleta deve ser realizada preferencialmente com o paciente deitado.
Intercorrências do teste de tolerância à glicose
O exame de curva glicêmica pode provocar algumas intercorrências (alterações), portanto, o Hemos e sua equipe adotam procedimentos que visam ao bem-estar do paciente. Além disso, observam sintomas que ele possa apresentar e repassam orientações para garantir sua integridade e atuando para eliminar ou minimizar riscos. A atenção é redobrada para gestantes, idosos, crianças e pacientes com comprometimento de mobilidade psicofísica, já que são considerados grupos de risco.
As intercorrências mais comuns nos testes de tolerância a glicose são náuseas e vômitos, para os quais a equipe do Hemos segue os seguintes procedimentos:
Náuseas:
– Deixar o paciente o mais confortável possível;
– Solicitar que o paciente respire profundamente e devagar, várias vezes;
– Providenciar cuba rim (bandeja hospitalar adequada), toalhas de papel e água gelada.
Vômitos:
– Providenciar cuba rim e toalhas de papel;
– Se estiver deitado, colocar o paciente com a cabeça de lado;
– Oferecer água quando ele tiver terminado;
– Nos testes de tolerância ou curva glicêmica, caso os vômitos ocorram após 20 minutos de ingestão, prosseguir com as demais coletas. Caso ocorra antes dos 20 primeiros minutos, o profissional deve entrar em contato com a Área Técnica para receber orientações específicas.
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