Em 2019 mais de 141 milhões de crianças irão nascer em todo o mundo e as meninas, de forma geral, terão a expectativa de vida mais alta. No Brasil isto também é observado, com a projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de uma média de expectativa de 80 anos para mulheres e 73 para homens. Mas afinal, por que as mulheres vivem mais do que os homens?
Apesar de viverem mais, as mulheres não necessariamente vivem com mais saúde estes anos extra. É o que indica o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), que levantou dados sobre anos de vida, incidências de doenças, causas de morte, entre outras informações sobre homens e mulheres em todo o mundo.
O estudo também observou que nos países com rendas mais baixas a diferença de expectativa de vida diminui, mas isso não significa que seja por causa da igualdade entre os sexos. Isso ocorre porque nestes países mais mulheres morrem de problemas relacionados à gravidez, seja antes, durante ou logo após o parto. Em 2015, uma em cada 41 mulheres de países de baixa renda morreram de problemas relacionados à maternidade.
Fatores biológicos explicam em partes esta diferença
A primeira diferença a ser observada entre homens e mulheres está relacionada a fatores biológicos, como genéticos e hormonais. Segundo o professor David Gems, do University College London, os embriões masculinos morrem em um ritmo maior do que os femininos. Isso por causa do papel desempenhado pelos cromossomos de cada signo, XX para mulheres e XY para homens. “Se você tem um defeito genético no cromossomo X e é uma mulher, tem uma ‘cópia de segurança’. Mas se é um homem, não tem essa cópia”, explica o professor.
As diferenças biológicas são mais facilmente observadas nas mortes em crianças com menos de 5 anos de idade. O mesmo estudo da OMS apontou que ocorrem 2,9 milhões de mortes de meninos nesta faixa etária, contra 2,5 milhões de mortes de meninas. O padrão se repete em outras etapas da vida, mas com fatores mais diversificados que nem sempre têm relação com fatores genéticos.
Como mencionamos anteriormente, as mulheres vivem mais, mas não necessariamente com mais saúde. Uma explicação para isso é que mulheres sofrem de doenças menos letais. Exemplos de doenças não-fatais mais comuns em mulheres são a enxaqueca e a artrite. Embora prejudiquem a qualidade de vida, estas doenças não necessariamente aumentam as chances de uma morte prematura em mulheres.
Já os homens são mais suscetíveis a doenças que podem matá-los. Por exemplo, homens têm uma tendência maior a terem gordura visceral, aquela que rodeia os órgãos, enquanto mulheres têm mais gordura subcutânea, logo abaixo da pele. A gordura visceral é um fator de risco para doenças cardíacas, que podem levar à morte.
Uma das explicações para algumas destas diferenças está nos hormônios. O estrogênio, hormônio sexual feminino, atua como um antioxidante no corpo, impedindo o envelhecimento das células. Ele também facilita a eliminação do colesterol ruim, oferecendo proteção contra doenças do coração.
Questões sociais e estilo de vida também influenciam na expectativa de vida
Se por um lado há uma questão biológica que ajuda a explicar por que mulheres vivem mais do que homens, não podemos ignorar a influência dos diferentes estilos de vida entre homens e mulheres. No próprio exemplo das doenças coronárias, mais frequentes em homens, as causas estão relacionadas a uma combinação de fatores biológicos e de hábitos.
Em todo o mundo, homens têm maior probabilidade de consumir cigarro e bebidas alcóolicas, fatores de risco significativos para muitas doenças, como câncer e doenças do coração. Homens também possuem chances maiores de contrair tuberculose por estarem mais frequentemente em ambientes com multidões.
O número mais elevado de mortes em homens também está associado ao fato de eles procurarem serviços de saúde com menos frequência do que mulheres, por pura convenção social. Mulheres entre 16 e 60 anos vão ao médico mais frequentemente do que os homens da mesma idade em diversos países. Isso inclui a busca por assistência de saúde psicológica, como resultado, o número e suicídios masculinos é o dobro do que o de suicídios entre mulheres.
Há também uma expectativa e até um incentivo social para que homens se comportem de maneira mais violência e arriscada. Isso resulta não apenas no consumo mais elevado de álcool e cigarro, mas também em excesso de velocidade e imprudência no trânsito, provocando mortes por acidente.
Embora existam os fatores biológicos, há muito o que avançar nas questões sociais e de estilo de vida dos homens para que eles se aproximem da expectativa de vida das mulheres. Cuidar da alimentação, evitar comportamentos arriscados e consultar-se periodicamente são os primeiros passos para uma vida mais longa e saudável.
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